21/10/2015

Prancheta

  Se tem um equipamento de desenho caro, é a mesa. E não é frescura, ela faz muita diferença. Mas o investimento, principalmente para quem está começando, é meio alto. As prancheta portáteis são uma boa opção, mas ainda assim tem um preço salgados.

Bem, existem algumas soluções para essa situação. Vou apresentar uma, que além de ser praticamente de graça, vai te ajudar na postura e dar uma leveza na mão, porque se você pressionar muito o lápis... vai entender!

Vamos começar com o material:
- uma folha de papel kraft, aquela marrom.
- uma folha de cartão ou cartão dúplex 
- uma caixa de papelão (das grandes)
- um pote de cola (dos pequenos)

  Recomendo que experimente a dobradura, algumas vezes, em folha de papel A4, antes de partir para a folha grande.  
  Lembrando que essa prancheta é um material de apoio, pra te ajudar a começar. Apesar de durar bastante, manuseando com algum cuidado, você deve usa-la até conseguir algo mais "definitivo". 
  Escolhi o papel kraft, (veja bem não é papel pardo, aquele mais amarelo, que é bem mais frágil )
por ser bem resistente, e mais fácil de manusear, e mais fácil de achar. Existe até um encerado, mais forte ainda . Se quiser, pode experimentar um papel mais grosso, o próprio cartão dúplex, mas vai dar trabalho para dobrar.
   Neste projeto, o cartão serve para dar uma sustentação maior ao papelão e evitar que ele ondule durante o uso. No mais, é só seguir esses diagramas.
como o papelão com o tempo tende a ondular,
uma boa solução é colar nele um pedaço de cartão, 
do lado que vai ser a superfície de desenhar
  Ela fica bem leve e bem portátil mas, por conta do material, você tem que tomar dois cuidados: 1- não se apoiar nela, vai amassar tudo. 2-não comprimir o lápis demais sobre ela, provavelmente vai furar. Isso é até bom, porque realmente não se deve fazer nenhuma dessas coisas. Fechando até serve como pasta, mas só pra carregar alguns papéis. E para prender o papel pode usar um clipe de papel grande, ou até um pregador de roupa. 
  Se você quiser pode por algo pesado na parte interna, para dar mais estabilidade(nada que quebre com facilidade) um saquinho com areia, por exemplo.
  O encaixe entre as duas partes pode prender com um clipe de papel, o mesmo que vai prender o papel. Mas se você for usar em um só lugar, pode colar o encaixe.
É só prender com um clipe, ou colar o encaixe
Você ainda pode dar uma incrementada: se não quiser prender o papel com o clipe pode colar um pedaço de papelão na base do "tampo"para que o papel não escorregue; pode usar um verniz, para deixar mais resistente, ou uma termolina; pode pintar, mas isso eu não recomendo, certas cores podem confundir sua percepção (se quiser mesmo use cores frias em tons claros, verde, azul etc.); pode colar uma peça para segurar o material, tipo lápis, borracha... Ou melhor solte a imaginação e deixe a prancheta no SEU jeito!



essa é mais ou menos a ideia da dobradura (prometo melhorar o video!)

19/10/2015

Postura

  Muita gente acha que esse lance de coluna reta, posição da mão, entre outros detalhes de postura são bobagem. Pois vou te dizer, não são!
  A maneira de sentar ou até ficar de pé, influencia diretamente o resultado do trabalho além de evitar uma baita dor nas costas e mãos. A distância e altura do seu corpo, em relação a mesa de desenho, prancheta, cavalete ou qualquer outro suporte que você usar vai determinar também o tempo da diversão. E, como tudo mais no desenho, é só uma questão fazer com um pouco de atenção, até virar uma coisa natural.

  Mas antes de falar realmente de postura, deixa eu te dizer algo que vai influenciar diretamente o resultado dela, móveis. Desenhar numa mesa comum, além de pouco confortável, limita os movimentos. Ideal mesmo seria uma mesa de desenho, aquela inclinadas, ou prancheta, mas elas são caras pacas. Vou te dar uma dica, em uma próxima postagem, que vai sair praticamente "na faixa" e vai te ajudar a começar.

 Manter a postura não consiste num conjunto de manobras contorcionistas. Justo o contrário, ela usa a forma natural do corpo se portar, para executar uma tarefa, acho que chamam de ergonomia. Então a primeira coisa é saber o que a tarefa precisa do nosso corpo. Para desenhar, precisamos de três coisas: visão e acesso da mão a toda superfície que vamos usar, bem como a mesma mobilidade em qualquer desses pontos. Ou melhor: ver e alcançar todo o papel, e conseguir fazer o mesmo movimento em qualquer ponto. Além de uma pose que possamos manter por bastante tempo.



  Usando o braço como medida,  conseguimos a postura numa tacada só: ponha-o junto ao corpo (com a coluna reta) e levantando o antebraço até formar um ângulo de 90º ( um "L"). Daí você consegue todas as medidas que precisa:
  Do cotovelo até o tampo da mesa de ter uns dois dedos, mais ou menos a altura do umbigo, se for uma prancheta, deve se considerar o lado mais baixo.  E quanto à distância, a palma da mão deve estar em no meio do papel.
 Se você tiver uma mesa ou cadeira ajustáveis fica mais fácil. Se não, como geralmente são as cadeira que são baixas demais, algumas almofadas resolvem. 
Quanto ao pescoço, não tem jeito,  temos que inclinar um pouco a cabeça, mas com essa pose você verá que é bem pouco.


Vai reparar também que é bem mais fácil aquela pegada do lápis com essa postura. E com a prancheta, mais fácil ainda.

Agora que você está sentado, e direito, vou te contar algo chocante, uma revelação bombástica,  um segredo que... nem é tão segredo assim: Diferente de que você possa achar, não se desenha com a mão.
E isso não é uma piadinha daquelas:"o que desenha é o lápis", não.  A realidade é que a mão funciona mais como uma pinça, segurando o lápis, enquanto o ombro e o cotovelo desenham.
  Esta é a hora em que você pergunta: "CuméQueÉ"?  Mas é exatamente isso. 
  Experimente fazer os movimentos no ar, sem encostar no papel. Preste bastante atenção na capacidade de movimento de cada articulação, fazendo os movimentos de cada um separadamente.  Observe bem o movimento necessário para fazer uma reta, um círculo, etc.
Evite mexer a mão nesse processo de descoberta, como se ela estivesse engessada. Não estou dizendo que nunca se mexe a mão quando se desenha, mas você vai notar que o movimento deles é bem menos necessário que imagina. Vamos fazer uma experiência: desenhe um círculo, usando somente o pulso e segurando o cotovelo, depois faça o contrário, use só o braço e mantenha o pulso parado, Você vai notar a diferença. É claro que essa experiência é uma visão extrema da coisa, mas vai dar uma boa ideia da diferença entre os dois movimentos.
  Vai ensaiando esse movimentos, que eles são úteis também para o aquecimento e alongamento dos braços e costas, que é outra coisa, que muita gente acha bobagem. Eu considero bem importante, e ajuda muito com o traço.

  Vou te deixar com uma coisa para pensar: Por que os profissionais preferem banquetas ou cadeiras com encostos pequenos, sem apoio para os braços? 

01/10/2015

O começo de tudo



  Desenhar é uma das capacidades mais espetaculares do ser humano. E digo isso justamente pelo fato de ser algo ordinário. Uma ação tão corriqueira que fazemos até sem sentir. Quem nunca fez uns rabiscos enquanto falava no telefone? Ou nunca fez aquele boneco de palitinhos, com um baita cabeção, ou uma casinha. O que é escrever, além de desenhar letras. Acho que é coisa mais antiga que o homem já realizou, afinal o fogo foi descoberto, e para projetar a roda, precisava desenhar. 


  Rupestre, ou mais elaborado, o desenho transmite com facilidade uma mensagem, ideia e até um sentimento. Por isso ele é uma ferramenta de comunicação tão poderosa, e como qualquer forma de comunicação, há de se aprender o básico, pelo menos. Senão, quem vai te entender? E lembre-se, para quebrar as regra, tem que conhecê-las.


  Para ser um bom desenhista, não é preciso entrar para nenhuma sociedade secreta, perder partes do corpo, nem mesmo fazer acordos estranhos com criaturas  estranhas. Não são práticas misteriosas, tão pouco difíceis, mas exigem prática e dedicação. 

  Criar também é fácil. A criatividade é inata e todo mundo tem, só que alguns não sabem usar, ou esquecem como. Você vai reparar que, no processo de aprendizagem, ela se desenvolve naturalmente e sozinha. Existem alguns exercícios para isso também, se eu lembrar de algum, dou a dica.

   Minha ideia para este blog é abordar a prática do desenho como ela realmente é: simples e prazerosa. Dissociando o máximo possível do rigor acadêmico as técnicas, que em sua maioria, alcançam sua melhor forma com prática, é não com intermináveis discurso sobre como João ou Maria usaram "aquela coisa para fazer o lance". Quero te mostrar como a máquina funciona, como usá-la, você decide.




O lápis


Qual a melhor maneira de começar a falar de desenho?

Eu não consigo pensar numa maneira melhor do com esse carinha.

  Fantástico!  Se tivesse que resumir em uma palavra o lápis de grafite, seria essa. Não existe ferramenta de desenho mais versátil, ou útil que ele.
E imaginar que , apesar de toda tecnologia atual, o lápis, que é uma simples mistura de grafite com argila numa capinha de madeira, seria ainda tão útil. Eu diria necessário. 
  Dependo dessa mistura, ele pode ser mais duro ou macio, e essa dureza vai determinar o uso. Em termos simples seria: quanto mais macio, mais escuro, e mais duro, mais "preciso".
  Essa composição é classificada como HB, onde H significa Hard (duro) e B de Black (negro).Também há quem diga que esse B vem de Blended (adj.= composto), não sei, porque quanto maior o B menos misturado ele é. 
  Quanto maior o número do "B", mais escuro , e maior "H", mais claro. Este "F" significa "fine"(fino), é tão escuro quanto o HB, mas fica bem mais afiado.
  A técnica básica de lápis é extremamente simples, com alguns passos e  prática, você fica fera.
  Qual lápis usar, em cada situação, é algo que você vai decidir sozinho, a experiência vai te ajudar. Para começar eu sugiro dois: um HB, bem no meio da tabela e o 6B, bem escuro. Eles vão te dar uma boa variação de intensidade e uma boa ideia de como ela funciona. A "família" H  tem um uso mais específico, pode experimentá-los depois. 
  A forma de segurar o lápis requer alguma atenção, isso vai garantir um bom controle do seu traço e evitar a tão temida LER (lesão por esforço repetitivo). Você vai encontrar uma forma confortável, mas não há como fugir muito da posição básica.
  Não tem nada de mirabolante. De primeira, você pode achar essa pose meio travada. Mas acredite, ela vai te garantir o melhor resultado. Para isso, aqui vão uma dicas

-1-  com a sua "mão de desenhar" vai encostar suavemente o dedo polegar sobre a ponta do dedo médio. Deixe o indicador esticado, recolha os outros dedos, alinhando com o médio. Vai ficar parecido com um "d", ou um "b", se você for canhoto.

-2- com a outra mão,segure a ponta do lápis como uma pinça usando o indicador e o polegar. Use a articulação do polegar como medida,alinhando com a ponta do lápis. Isso vai te dar uma boa distância entre a mão e a ponta.
-3- daí, é só juntar os polegares, baixar o indicador e, é claro, largar a ponta do lápis.
Não aperte, essa pegada é para desenhar, e não apunhalar alguém. 
  O resultado é mais ou menos este:  pulso reto, visão da ponta do lápis, e o mais importante mão afastada do papel. 
Esta postura além do que já falei, evita também que você suje o papel com a gordura e a umidade da mão e espalhe o grafite que já está no papel, fazendo uma lambança federal. Aproveitando, sempre lave as mãos, antes mesmo de pegar no papel.
  Como disse esta postura de mão não é uma regra, mas se praticá-la, não leva tempo para acostumar, verá que os resultados são ótimos.


  Agora, chega de papo e vai rabiscar!